quinta-feira, 30 de junho de 2011



              Amizade Virtual



                                                                                Para Maria



Porque chegaste em silêncio e distante

E rompeste a barreira entre o concreto e o irreal;

Porque concedeste a mim tua presença constante,

De maneira verdadeiramente natural.



Porque foste sujeito e objeto deste ato anormal,

Onde a amizade sem tato é desejo gritante

E explicação improvável de um carinho visual;

- por isso esse poema inconsciente e amante...



Assim, ainda que um verso radiante,

Para confraternizar essa união ocasional

Seja aparentemente um luxo ante



A inconstância desse mundo virtual,

Haveremos  de cultivá-la a cada instante

Sabedores de que seja flor sob o sol estival.





                                                               Adilson hilário

               A Poesia Nossa de Cada Dia

                                                                             Para Flávia


A manhã traz com a claridade do dia
O caminhão do lixo e o latido cão.
Na padaria, onde o dia principia,
As pessoas cobiçam o fresco pão.

Poucos atentaram, porém a solidão
Do padeiro que rasgou a madrugada fria
Trabalhando o mais sagrado grão
Para o  pão nosso de cada dia.

Assim, como o padeiro, o poeta também
Trabalha à madrugada no abandono
No seu ofício de poesia...ébrio de sono,

Suor no rosto...povoado de filosofia,
Fermenta o lívido grão de poesia
Que alimentará muitos...ou ninguém.


(Adilson Hilário)
O Amor Primeiro

Fez-se o primeiro carinho;
O olhar...o primeiro lábio de candura;
O acomodar-se no aconchegante ninho...
O abandono num mar de ternura

Fez-se o primeiro abraço
Ao alojar-se em meio ao frio
E ao romper-se o uterino laço
Fez-se o alimento no seio macio.

Fez-se no choro a calma
E no silêncio mútuo a compreensão...
No primeiro acalanto a alma
Derramando amor em profusão

Fez-se na mulher o momento
E fez-se no paraíso o despertar
Que, afinal esse padecimento
É sinal de tanto querer, de muito amar


(Adilson Hilário)


        Tsunami

                              dedicado aos que desconhecem a força da Mãe Natureza

   
 A água tranquila, o seu fluxo natural,
     sob o céu do oriente
como se tocada por mão desproporcional,
    muda-se em fúria pungente.
O mar desvairado, com poder descomunal,
    (até então inocente)!
se condensa num braço hídrico, e o céu oriental
    quase toca suavemente.
Corre, freme...faminta torrente infernal;
    que desastre iminenente,
poderia saciar sua fome sobrenatural
    sob esse céu do oriente?!
Até que faz numa praia o seu porto final
    e o seu ódio renitente
faz de um paraíso o seu juizo final
    sobre a areia ardente.
Sua água inconsiente desconhece coisa ou animal
    e resume simplismente
tudo aquilo numa imagem surreal,
    enquanto em displicente
dança, leva criança,homem ou vegetal.
    Sob o céu do oriente,
na areia, peito luzente ao céu estival,
    peixe é como fosse gente.

Adilson Hilário

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um Verso Para Roberta

Para Roberta Vieira

Um verso para Roberta
- ávido, ímpar, profundo;
Assim, como uma janela aberta
Aos sonhos todos do mundo

Um verso sem outra intenção
Senão o de cantá-la, frente e verso
- um verso etéreo, uma oração,
Pairando sobre tudo no universo

De carinho e amor suspensos
-um verso repleto de saudades
E como um inseto a buscar a claridade
Da luz dos teus olhos imensos

(Adilson Hilário)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

                                 Se Eu Quiser Te Seduzir
                                                                                             

                                                                                  

Se eu quiser te seduzir
Se eu quiser te conquistar
Tenho que ter
A pureza de um menino
Que no seu jeito pequenino
Tem um brilho singular



Se eu quiser te seduzir
Se eu quiser te conquistar
Tenho que ser
Como um rio matutino
Que no seu curso repentino
Segue sempre sem parar

Se eu quiser te seduzir
Se eu quiser te conquistar
Tenho que me parecer
Com um guerreiro paladino
Quando se entrega a seu destino
Com bravura no olhar



Se eu quiser te seduzir
Se eu quiser te conquistar
Tenho que querer
Um poema sibilino
E o seu canto, como um hino,
Venha a todos emocionar



Se eu quiser te seduzir
Se eu quiser te conquistar
Tenho que gemer
Como geme à tarde um sino
E no seu toque vespertino
Vem a noite anunciar


Se eu quiser te seduzir
Se eu quiser te conquistar
Tenho que fazer
Como faz um dançarino
Que no seu passo bem ladino
Fica livre em pleno ar


Seu eu quiser te seduzir
Se eu quiser te conquistar
Tenho que escolher
Como um frio assassino
- No seu  pensamento aquilino
Escolhe a morte como par




Tenho que entender
O teu universo feminino
E no teu riso cristalino
Me perder, ou me ganhar
Se eu quiser te seduzir
Se eu quiser te conquistar

(Adilson Hilário)

Eu Tenho a Força da Pedra



Eu tenho a força da pedra...

Tenho a suavidade do pássaro em seu vôo;
Sou a rosa que se abre como um beijo
E recebe a manhã colorida.

Mas,
Não pertubes o pássaro em seu vôo silencioso;
Não toques a rosa com mão inconsiente...

Eu tenho a força da pedra

Eu serei a pedra sobre a tua cabeça

Adilson hilário

Anjo


                     A Angélica Manetta


Anjo no nome e na semelhança,
Menina linda, cuja existência
É ser um misto de etéreo e criança

Faz da vida um conto de fadas....
Sorri! Que a luz de teu riso
É um convite ao paraíso
E viagens a terras encantadas.

Anjo, toma esta poesia
Como se ganhasse um beijo!
Construa nela , a cada dia,
A morada de teu desejo
E, do céu onde assistes,
Despeja sobre nossas vidas
Dourados polens de alegria
Sobre os olhares sempre tristes.

Angélica – misto etéreo e criança!!
Anjo que permeia uma menina
- que seja este poema, para todo o sempre,
uma réstia de esperança,
um desejo contínuo e vivente,
tocando a todos como uma luz matutina

                                              Adilson hilário

Rosa Alva


para rosalva


Céu azul
rosa alva

a madruga beija a pétala
com o sua boca molhada.


Rosa alva
céu azul

a manhã toca a pétala
com o vento nu.


Rosa alva
céu intenso

a pétala dança ao sabor do vento.


Rosa alva
céu em sonho


nada mais suponho
ser tão lindo como um rosa beijada
tocada,
dançando ao desejo da madrugada!!


adilson hilário


Rio,20:09 25/11/2010

sexta-feira, 17 de junho de 2011


Deusa Noturna

Me chegas como a noite,
em silêncios e brilho de estrela...

Com seu poder de síntese,
me envolves em teu corpo noturno
e me convida com seu notívago prazer
à descobertas inimagináveis
-o uísque, o cigarro aromático, a música,
tudo
são anúncio da sua chegada e meu corpo treme
ao assuvio da brisa que mais uma vez me entregará a ti.

Pouco sei de ti!
sei que tens um nome escolhido em meio a tantas estrelas
e em teu cerne esconde um segredo
sob o escuro véu do tempo.

Sei que tens os sonhos como discípulos
e com eles nos alimentas
para depois nos devorar;

Sei que tens os seios fartos
e os braços vários
e os lábios trêmulos
e os olhos pecaminosos
para te aproximares dos homens
e os condenar ao delírio sob o spleen do desejo;

Teus braços noturnos me envolvem
e sei que não poderei vencê-los...
Mas uma vez serei presa fácil nessa teia de noturna seda
e alimento para teu inseto vaporoso.



Sei que a noite me embargará
e quando amanhecer serei outro
novo
atônito
e redescoberto
sob um céu de luminosa manhã.

adilson hilário

quarta-feira, 15 de junho de 2011



o poema em Teu corpo

falas com o corpo,
quando escreves e neste escrever
falas serenamente;

escreves com a mente
o que a mão tenta esconder
e quando é chegada a hora do anoitecer,
calas com o verso o que a boca tenta conter...

teu verso fala e é claro esse falar!
sei que me queres contar
que teu corpo não guarda mais tanto querer

e por tanto pensar e sofrer
te queres ocultar numa rima qualquer.

por seres mulher temes a noite volver
o ritmo noturno quando sonhar
é querer se dar menos que receber.

Todo sonhar é um novo acontecer
quando acontece de se perder
na cama de um outro qualquer

ou que no teu beijo mulher sem pudor
venha morrer de um silencioso querer

nessa dor de se saber objeto
flor aberta a qualquer inseto
que o seu pólen tenta sorver...

te sentes mulher e como quiser
te sentir deverás omitir
em teu verso a magia
de ter entre as pernas a gruta vazia

que deixa de ser sexo para ser poesia
que se entrega numa noite qualquer

por ser menos poema que mulher



adilson hilário

domingo, 12 de junho de 2011


Manhã e Sonho

Acordei e parecia que ainda sonhava
Vendo-te linda... as roupas leves... quase nus
Teus membros minha mão confusa vasculhava;
Tive meu sono despertado em tua luz.

Na janela, a manhã de ouro o céu pintava;
No quarto, mais que a manhã bela eu te supus.
Tive no viço do níveo amor a cruz
Do horto onde teu corpo me crucificava.

Na mata de teus cabelos em desalinhos
Vi, inefável, perderem-se mudos afetos;
Tive cheias minhas mãos de teus seios macios.

Hoje a luz de teus olhos doura outros caminhos;
Olhos, pois meus braços, outrora repletos
De tua carne, agora quedam tristes, vazios.

Adilson hilário

Que eu possa ser feliz e que a minha tristeza só dure o suficiente para eu poder valorizar a minha felicidade. Que a simplicidade esteja em mim tão impregnada, que ela não permita que eu sucumba à ganância e à soberba. Que eu seja sensível o suficiente para me emocionar, quando à noite eu olhar uma estrela distante e ao despertar ser surpreendido pelo canto de um pássaro. Que eu possa viver o meu amor; que ele seja pleno e ávido, porém que eu não me revolte quando o sopro da solidão me eriçar a epiderme. Que a minha palavra seja capaz de dar de beber ao sedente de amor, de comer ao faminto de carinho e que ela seja abrigo ao desamparado de esperança. Que eu tenha meu trabalho; que ele seja lícito e justo e que proveja meu sustento de forma que eu não tenha menos do que necessito, nem mais do que mereço. Que eu seja puro, simples e agradecido e que eu seja digno do amor da minha família, do abraço do meu amigo e do respeito dos que me cercam.

Adilson Hilário

Butterfly
Para cristina

Vem o sol e descortina a manhã colorida;
Entre as ramagens e as flores pequenas,
Em revoada, agitando as asas serenas,
Entre outras, vejo a minha borboleta preferida.

Entre tantas, que na natureza há de tão belas,
Em especial, esta não me passa despercebida...
Vem de tantas outras manhãs amarelas
A visitar-me como uma velha conhecida.

Desenha-se a curva do dia e a tarde
Traz certo ar de melancolia
E a minha borboleta despede-se cansada

Anunciando que após a noite fria
Virá outra sombria madrugada
Despertar a solidão que em meu peito arde.

(Adilson Hilário)

Soneto ao Ébrio

perguntareis - "Irmão fiel, por que bebes tanto?"
beber é, antes de tudo, filosofia
do alegre, do feliz; enquanto
segue o sóbrio o ócio da sua vida vazia,


sigo eu, ébrio, rindo de canto em canto.
dos antigos gregos, se coheceis, bebia
poderoso Baco de um barril vazio e santo;
de Hebe o vinho mágio rejuvesnecia.

e o que quero eu, mortal que sou? quero nada;
quero quando da morte a foice roçar-me a testa,
meu recesso com muito riso e em festa.

Com saudades, porém sem lágrimas, minha amada
ver depositar em minha boca desvanecida
um beijo e o último gole que eu beber na vida.

adilson hilário

Deusa Pagã

Dedicado a Paula Lima
Em todo seu esplender


Nua...sim...eu a quero nua...
Menina diva deusa pagã
Doce Afrodite, nesta manhã
Saborear-te-ia pura e crua.

Os seios..os ombros.. a pele macia
As curvas perfeitas... opulente brejeira
Suave aroma? Incólume roseira
Olhos lânguidos...magia

A quero sem receios ou frescura.
Sem rótulos, mistério ou segredo
Tão somente minha, sem medo

De teu esplendor ou formosura...
Nua...nua... sem pejo e fremente
Nua..linda..nua e nua completamente

Adilson hilário