Soneto à Pátria Pobre
Em meu peito, minha pobre pátria eu canto,
Pois que chega a mim o seu verso oceânico,
Ululando alegria e vozes em pânico
Num canto de amor, esperança e pranto.
Misturo em meu canto - elegíaco e afônico
- a voz cansada e hirsuta com o encanto
Desta terra diversa e um sonho lacônico
Chega a meu peito transido de espanto.
Vem de um viaduto de mendigos repleto
Este canto faminto, oh Pátria ! e insistes
Em mostrar-te gigante, quando és criança
Esquálida, suja, carente e sem teto
Entoando da canção das três raças tristes
Uma réstia de pranto, amor e esperança.
Adilson Hilário